terça-feira, 18 de agosto de 2009

Medicina

Agir costuma ser foda. É incrível como tudo parece sair dos eixos a todo instante. Colocar um cigarro na boca é baixar vertiginosamente minha alegria. Eduardo parece sempre distante. Dois filmes vistos pela metade ontem à tarde, ando sem paciência para qualquer ficção. Hoje no trabalho consegui conversar por um instante com a Márcia, gente fina ela. Acho que é casada há oito anos. Oito. A empresa que arquiva as notas fiscais faliu. Um cara no ônibus entregou a mochila para uma menina segurar. Ela estava sentada. Ele estava em pé. Bonita a menina. O André me ligou para tomarmos um chope na sexta, mas eu não sei não, ele tá muito gordo. Já percebeu como ele tem mau hálito? Não acredito mesmo que aquela garota se estabacou da escada, coitada, deve estar toda arrebentada. Eduardo deve ter me esquecido. Meus cigarros acabaram e confesso que tenho preguiça de descer isso tudo para comprar mais. Vou parar com essa porra. Todo mundo morrendo e essa merda desse governo não deixando a gente se fuder com dignidade. O filme que eu estava vendo ontem era muito chato, não acontecia nada e aquela bosta daquela câmera parada, parece que o diretor tinha dormido. Viado. A Márcia tem tanta caspa sabe, fica com a camisa cheia de pontinhos brancos, muito nojento. Acho o marido dela um tesão. Se ele me olhasse eu dava pra ele na mesa do escritório mesmo, com todo mundo olhando. Meu sonho é trepar com todo mundo me vendo, me aplaudindo, se masturbando enquanto observam cada ponto avançado na minha buceta. Ai esse calor que não passa. A piranha da menina do ônibus só se ofereceu para segurar a bolsa porque estava secando o menino com os olhos quando ele entrou. Eu hein. Molequinho feio, sem graça, de óculos baratinho, um horror. Está na hora de trocar o papel de parede desse... Vi em duas revistas uns papéis lindos, não faço nem ideia do precinho. Acho que não deve ser tão caro. Aqui é pequeno também, não tem muito luxo, como a Isabel sempre fala com os caras. Sumiu, a Isabel. A cirurgia da minha avó é amanhã, preciso ligar para ela. Ser médico é uma coisinha escrota né. A velha com quase noventa anos e eles operando-a do baço. Porra, daqui a pouco vai morrer mesmo, essas coisas não fazem sentido. Eu nunca estudaria para ser médica. Acho que não tenho ninguém para salvar.

Um comentário:

  1. Acho que não tenho ninguém para salvar a não ser eu mesma...

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