quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Morte, homem, é só a morte


sempre tento adiar o momento de chegada de certas sensações desconfortáveis, talvez muito desconfortáveis, indesejáveis, sim, indesejáveis.
como essa sensação estranhíssima de "vazio pictorial/pictórico/imagético/babaquice"...Não escrevo isto como um alguém que sofre um bloqueio, uma crise, do tipo existencial ou psicótica (como diriam Schopenhauer, Foucault, Platão e minha mãe: quem soy jo?) mas um alguém que sente (ai meu amor, pungentementementementemente) uma total ausência de objetos que me arrebatem, me tirem o sono ou me deixem pensativo por uns bons longos dias. Porque sempre digo isto e talvez seja um grande defeito meu (apesar de minha cota de defeitos já ter sido ultrapassada há muito tempo): sou apaixonado por coisas. Coisas sim, objetos, imagens, pics do Google, meu mundo é um aglomerado nebuloso de imagens. Flusser que não me passe a mão na cabeça quando eu estiver no inferno, mas não sou textólatra e ele há de me compreender. Mas o grande problema é que há tempos não acho uma imagem definitiva (dentre todas as imagens definitivas que aparecem em explosões nas nossas casas todos os dias, sem misericórdia misericórida meu bom Deus). Será então que elas estão todas aí, me cercando, batendo à minha porta? Será que vejo-as, como-as, abraço-as e a qualidade de meteoritos flamejantes a incontáveis quilômetros por hora, inerente a elas, é só uma coisa latente, guardada em todas as suas possibilidades e eu ainda seja muito jovem (ah! La jeunesse!) e incompetente para enxergar bem diante do meu nariz?...
Pois bem, há uns dias atrás terminei a leitura arrastaaaaaada de O sol se põe em São Paulo, do Bernardo Carvalho e nada.
Não posso nem falar de cinema... Minto, e minto descaradamente. Assisti a um curta extremamente criativo chamado Superbarroco, ou melhor, mega surpreendente, revolucionário e du carálio (onde foi parar meu tesão?). Mas ele morreu logo em seguida.

Aliás falta-me fôlego para minhas digressions

Tudo morrendo, eu hein...
(Fotomontagem de Bernard Faucon, Le banquet)